segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ser amigo do Céu

O salmo de meditação que repetimos por várias vezes - “Louvai o Senhor, que eleva os pobres!” - é uma resposta à primeira leitura retirada do livro de Amós, no qual o Senhor se inquieta, pois não deseja ver o pobre sendo tratado com injustiça, mas ao contrário, Ele ama o pobre. A última estrofe do salmo diz: “Levanta da poeira o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os nobres, sentar-se com os nobres do seu povo ”. É assim que o Pai das misericórdias trata Seus filhos, com justiça e amor. 

Vimos, na segunda leitura, que São Paulo escreve a Timóteo: “recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens, pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena com toda piedade e dignidade”. É isso que o Senhor quer de nós, que sejamos homens e mulheres de oração. O“recomendar” significa, na língua original, uma voz de comando: “Eu quero!”. 

:: Ouça, na íntegra, a homilia

O Senhor está nos falando a respeito de oração e devoção à Divina Misericórdia, a qual nos ajuda a sermos pessoas de oração. Ricardo Sá, deu-nos, pela manhã, essa pista em sua pregação: “O Senhor quer que rezemos e que usemos de misericórdia para com os outros”. 

Hoje, tivemos mais um atentado aos cristãos em um país em que eles representam apenas 0,05% da população. Aconteceu que um carro-bomba  foi detonado ao fim da Santa Missa. Até onde se sabe, mais de 60 pessoas morreram. Sabemos bem que o mundo não quer saber de cristãos, pois para eles ser cristão é crime. Estes que morreram são mártires. É preciso que esses povos tenham a liberdade de serem cristãos. 

"Que amizade você tem cultivado com seu anjo da guarda?" Monsenhor Jonas Abib
Foto: Natalino Ueda/cancaonova.com


São os nossos irmãos que estão precisando. Bombas como essas também caem sobre nossas casas: bombas do adultério, onde tanto o esposo quanto a esposa estão se traindo. Há bombas de filhos que entram para as drogas; o alcoolismo está criando também seus estragos. Pais de família estão ficando completamente embriagados. Isso é um desastre! Talvez, em sua casa, estejam acontecendo atentados como esses e é por isso que o Senhor nos convida a rezar.

Não sejamos egoístas! Nossa casa precisa de oração, mas rezemos também pelos outros irmãos. Famílias sendo estragadas, pois já não há mais Deus como centro de sua vida. Não existem mais princípios ou valores.

Essa corrupção de uma família para outra é como um vírus que faz com que as doenças se proliferem. Volto a lembrar da palavra “recomendo”, pois esse é o desejo do Senhor, que nos recomenda a uma vida de oração.

São Paulo ainda diz: “Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”, por isso, rezemos para que a Divina Misericórdia caia sobre as famílias e sobre os que estão sendo perseguidos.

No Evangelho, o Autor Sagrado fala do administrador que foi descoberto por seu patrão por agir de maneira desonesta. Sabendo que seria chamado por seu patrão, pensa: “O que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’. Para nossa surpresa, Jesus disse que aquele patrão elogiou o administrador desonesto, pois agiu com esperteza, por isso disse: “Com efeito, os filhos desse mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”. Nós precisamos ser espertos. É com essa linha de raciocínio que nos exorta a sermos espertos para ganhar o Céu.

Jesus ainda disse: “Fazei amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas”, ou seja, são amigos do céu. Em primeiro lugar, sejamos amigos do Pai das misericórdias. Sejamos amigos e busquemos a misericórdia que vem do Senhor.

Jesus veio para ser a misericórdia do Pai, dando a nós todo o Seu Sangue e morrendo por nós. Deu-se por inteiro, desde o seu nascimento, em sua evangelização, ao ser condenado, tomando a sua cruz e ainda gritando ao Senhor: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”. A última coisa que Ele tinha nos deu: o Espírito Santo. Foi por isso que o Pai quis que Ele se manifestasse a Santa Faustina.

Graças a Deus, durante todo o acampamento, pudemos ler, por várias vezes, trechos do Diário de Santa Faustina. Ela se dizia a “secretária de Jesus”, e foi tomando nota de todas as palavras que o Senhor lhe ditava. Busquemos a amizade com a misericórdia e ainda com Jesus Misericordioso. Ele é nosso amigo, pois nos disse que não somos para Ele mais servos, mas somos Seus amigos! Cultive a amizade com Jesus. Eu e você precisamos ser grandes amigos de Cristo.

"Jesus é a Palavra viva!", disse monsenhor Jonas Abib
Foto: Natalino Ueda/cancaonova.com

Os santos padres nos mostram que Jesus se manifesta a nós de duas formas: na Eucaristia e na Palavra, ou seja, Jesus-Eucaristia e Jesus-Palavra. A Igreja de Rito Oriental tem uma altar da Palavra com uma luz acesa, da mesma forma que nós temos a luz do sacrário. Jesus é a Palavra viva. É isso que nos alimenta e faz com que tenhamos uma verdadeira amizade com Ele.

Dentro da oração temos a adoração. Precisamos, pessoalmente, adorar ao Senhor não somente no ostensório, mas também no sacrário que existe em várias paróquias. Precisamos aprender a adorar. Usemos bem o nosso tempo em estar diante de Jesus em adoração, seja nos pensamentos ou com palavras.

Vamos cultivar amigos no Céu, que são os santos de devoção. Se você ainda não tem um amigo no Céu, procure um. Quais são os seus amigos santos? Cultive a amizade com eles. Eles querem ser nossos intercessores, façamos, pois, aquilo que nos pede o Evangelho: “Fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão na morada eterna”.

Os anjos também são nossos amigos, como o nosso anjo da guarda. Que amizade você tem cultivado com seu anjo da guarda? Ele é um amigo do Céu e você precisa dele, pois ele o receberá nas moradas eternas.

Seja amigo de Nossa Senhora, ela é mãe de Jesus, foi ela quem deu corpo e sangue a Jesus. Ela é a nossa mãe, pois o próprio Jesus nos entregou por meio de João. O discípulo tornou-se a companhia de Maria, assim como ela também foi a companhia de João. Esse é o relacionamento que temos que ter com a Nossa Mãe. Reze o santo terço, pois é uma forma de cultivarmos a amizade com Nossa Senhora. Se a tivermos como amiga, ela será nossa advogada no Céu.

Transcrição e adaptação: Luana Oliveira

Veja um trecho da homilia:


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Monsenhor Jonas Abib 
pejonas@cancaonova.comFundador da Comunidade Canção Nova e Presidente da Fundação João Paulo II. É autor de diversos livros.


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22/09/2013 - 15h00



sexta-feira, 13 de setembro de 2013

“O cristão renuncia a todos os bens, pois encontrou o Bem Maior”


Seguem as palavras do Papa Francisco pronunciadas neste domingo, 8 de setembro, diante da multidão de fieis reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus:
No Evangelho de hoje, Jesus insiste sobre as condições para ser seus discípulos: nada antepor ao amor por Ele, carregar a própria cruz e segui-Lo. Muitas pessoas de fato se aproximavam de Jesus, queriam estar entre os seus seguidores, e isso acontecia especialmente depois de algum sinal milagroso que o convalidava como o Messias, o Rei de Israel. Mas Jesus não quer iludir ninguém. Ele sabe o que o espera em Jerusalém, qual é a estrada que o Pai lhe pede para percorrer: é o caminho da cruz, do sacrifício de si mesmo para a remissão dos nossos pecados. Seguir a Jesus não significa participar de uma procissão triunfal! Significa compartilhar o seu amor misericordioso, entrar em sua grande obra de misericórdia por cada homem e para todos os homens. A obra de Jesus é exatamente uma obra de misericórdia, de perdão, de amor! Jesus é tão misericordioso! E este perdão universal, esta misericórdia, passa pela cruz. Jesus não quer cumprir essa obra sozinho: Ele quer nos envolver na missão que o Pai lhe confiou. Depois da ressurreição dirá aos seus discípulos: Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós (…) Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados (João 20,21.22). O discípulo de Jesus renuncia a todos os bens porque encontrou Nele o Bem maior, no qual qualquer bem recebe valor pleno e significado: os laços familiares, outros relacionamentos, o trabalho, os bens culturais e econômicos e assim por diante... o cristão desprende-se de tudo e reencontra tudo na lógica do Evangelho: a lógica do amor e do serviço.
Para explicar esta exigência, Jesus usa duas parábolas: a da torre a ser construída e a do rei que vai para a guerra. Esta segunda parábola diz: “qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz” (Lc 14,31-32). Aqui Jesus não quer lidar com o tema da guerra, é apenas uma parábola. Mas neste momento em que estamos fortemente rezando pela paz, esta Palavra do Senhor nos toca, e nos diz que há uma guerra mais profunda que devemos combater, todos! É a decisão forte e corajosa de renunciar ao mal e suas seduções e escolher o bem, pronto para pagar em pessoa: eis o seguir a Cristo, eis o tomar a própria cruz! Esta guerra profunda contra o mal! Para que serve a guerra, tantas guerras, se você não é capaz de fazer esta guerra profunda contra o mal? Não serve para nada! Não dá... Isso envolve, entre outras coisas, esta guerra contra o mal comporta dizer não ao ódio fratricida e as mentiras de que se serve; dizer não à violência em todas as suas formas; dizer não à proliferação de armas e seu comércio ilegal. Exige muito! Exige muito! E sempre fica a dúvida: essa guerra lá, essa outra ali - porque há guerras por toda parte - é realmente uma guerra por problemas ou é uma guerra comercial para vender armas no comércio ilegal? Estes são os inimigos a serem combatidos, unidos e com coerência, não seguindo outros interesses senão o da paz e do bem comum.
Queridos irmãos e irmãs, hoje também recordamos a Natividade da Virgem Maria, Festa particularmente cara para as Igrejas Orientais. E todos nós, agora, podemos enviar uma saudação a todos os nossos irmãos, irmãs, bispos, monges, freiras das Igrejas Orientais, Ortodoxas e Católicas: uma bela saudação! Jesus é o sol, Maria é a aurora que anuncia o seu nascer. Na noite passada, fizemos vigília confiando à sua intercessão a nossa oração pela paz no mundo, especialmente na Síria e em todo o Oriente Médio. Nós A invocamos agora como Rainha da Paz. Rainha da Paz, rogai por nós! Rainha da Paz, rogai por nós!
(Depois do Angelus)
Queria agradecer a todos aqueles que, de vários modos, aderiram à vigília de oração e de jejum de ontem de noite. Agradeço as várias pessoas que ofereceram os seus sofrimentos por esta intenção. Agradeço as autoridades civis, bem como os membros de outras comunidades cristãs e de outras religiões e os homens e mulheres de boa vontade que viveram, nessa circunstância, momentos de oração, jejum e reflexão.
Mas o compromisso deve seguir adiante: continuemos com a oração e com as obras de paz! Convido-vos a continuar a rezar para que cesse imediatamente a violência e a devastação na Síria e se trabalhe com um esforço renovado por uma justa solução do conflito fratricida. Rezemos também pelos outros países do Oriente Médio, particularmente pelo Líbano, para que encontre a desejada estabilidade e continue a ser um modelo de convivência; pelo Iraque, para que a violência sectária dê lugar à reconciliação; pelo processo de paz entre israelenses e palestinos, para que possa avançar com decisão e coragem. E rezemos pelo Egito, para que todos os egípcios, muçulmanos e cristãos, se comprometam em construir juntos uma sociedade para o bem de toda a população. A busca pela paz é um longo caminho que exige paciência e perseverança! Continuemos com a oração!
Com alegria recordo que ontem, em Rovigo, foi proclamada Beata Maria Bolognesi, fiel leiga, nascida em 1924 e morta em 1980. Passou toda a sua vida a serviço dos outros, especialmente dos pobres e doentes, suportando grande sofrimento em profunda união com a paixão de Cristo. Demos graças a Deus por este testemunho do Evangelho!
Saúdo com afeto os peregrinos presentes, todos! Em particular, os fiéis do Patriarcado de Veneza, liderados pelo Patriarca; os alunos e ex-alunos das Filhas de Maria Auxiliadora; e os participantes da “Campanha Mãe Peregrina de Schoenstatt”.
Saúdo os fiéis de Carcare, Bitonto, Sciacca, Nocera Superiore e das dioceses de Acerra; a Sociedade das Irmãs do Santo Rosário de Villa Pitignano; os jovens de Torano Nuovo, Martignano, Tencarola e Carmignano, e aqueles que vieram com as Irmãs da Misericórdia de Verona.
Saúdo o Coro de San Giovanni Ilarione, as associações "Paz e Alegria" de Santa Vittoria d' Alba e "Calima" de Orzinuovi e os doadores de sangue de Cimolais.
Desejo a todos um bom domingo. Bom almoço e adeus!
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Fonte:Zenit